Declaração de Guerra

Bashar al-Assad, presidente da Síria, estava sentado calmamente no seu escritório em Damasco, quando o telefone tocou:
- Olá Bashar, pá. Aqui é o Quim, do Alentejo, Portugal. Estou a telefonar para te informar oficialmente que vamos declarar guerra à Síria.
- Bem, Quim, isso é de facto uma notícia importante. Já agora, diz-me o tamanho do teu exército...
- Neste momento - diz o Quim após uma curta reflexão - sou eu, o compadre Manel, a prima Joaquina, o marido e a equipa de dominó aqui do café. Portanto, somos oito!

Bashar suspirou:
- Tenho que te dizer, Quim, que tenho 700 000  homens sob o meu comando!
- Porra, pá! Eu depois ligo-te!
No dia seguinte o Quim volta a telefonar: 
- Bem, Bashar, a declaração de guerra mantém-se e vamos forçar-te a entregar as armas químicas. É que conseguimos arranjar equipamento!
- Ah sim? E qual? - pergunta Bashar.
- Dois tractores, uma retroescavadora e duas debulhadoras.
Bashar suspirou de novo:
- Eu tenho 9 400 blindados, 3 000 peças de artilharia e lança-mísseis, armas químicas e o meu exército cresceu 50% desde a nossa ultima conversa.
- Tás a falar verdade? Eu depois ligo-te! 
No dia seguinte, o Quim volta efectivamente a telefonar: 
- Bem, Bashar, a declaração de guerra mantém-se. É que conseguimos arranjar força aérea. Colocámos duas metralhadoras num avião de sulfatar. AH! E a equipa da bisca lá do café juntou-se à malta!
Pela terceira vez Bashar suspira:
- Eu tenho 695 aviões, 176 helicópteros, muitos aviões de carga, 60 000 militares da Força Aérea e 20 000 reservistas e desde a nossa última conversa o meu exército já chegou perto dos dois milhões de soldados.
- Chiça... pá, eu depois ligo-te!
No dia seguinte o Quim liga de novo: 
- Bashar, é pra te avisar que vamos cancelar a guerra, pá!
- O quê!? Então eu que já estava a contar com ela... O que é que aconteceu?
- Bem, é que ontem à noite houve reunião no café, e chegamos à conclusão que não temos possibilidade de alimentar dois milhões de prisioneiros.